Revolução Francesa registrada pelo pintor Eugene Delacroix. |
O medo saudável das revoluções e dos revolucionários.
Um dos assuntos que comove, instiga e leva os professores de história em suas aulas e estudos á loucura é a revolução francesa.
A revolução francesa foi um movimento, revolta, rebelião que tentou mudar o caráter e a aparência da sociedade francesa, porém tal
movimento tinha índole universalista. Desejava expandir-se para outras nações e sociedades.
Entretanto, qual foi o maior erro da revolução francesa? o que fez com que a mesma se tornasse um fracasso?
Inúmeras ideias que serviram de base para esse acontecimento foram e são legitimas na sociedade. O Estado separado da religião, o direito á propriedade privada, direito á liberdade religiosa, tolerância e liberdade de imprensa.
Porém as tentativas para aplicar essas ideias sempre recorreram ao uso da força, não apenas pelo povo mas também pelos revolucionários. Qual o maior desafio da mudança? é basicamente ter de escolher o que deve ser preservado.
A cultura humana segundo o pensador Aristóteles é muito importante no sentido de transmitir valores, ideias, comportamentos e hábitos para a geração do futuro. A tradição é uma grande guia da vida humana, pois, constantemente orienta os homens por qual caminho é mais justo seguir e qual os levará para a destruição.
A revolução francesa queria construir uma nova sociedade, uma sociedade que passasse por cima de toda e qualquer memória, identidade, valor que a sociedade de antigo regime conservava.
Infelizmente, diferente de trabalhos escolares e universitários onde temos uma segunda chance, sempre uma nova tentativa. As experiências sociais não seguem esse regra. O que temos em nossa sociedade é o resultado de tentativas de séculos de experiência.
Tentar reescrever uma sociedade como uma folha em branco( Empirismo) é algo muito perigoso e sem garantia alguma de sucesso. Os revolucionários franceses tentaram retirar inúmeros segmentos de sua cultura e implantar outros totalmente novos, dos quais nem sabiam que eram aplicáveis a natureza humana.
Igrejas foram saqueadas, padres assassinados, nobres abruptamente mortos. E o que foi colocado no lugar desse vazio? entra nesse momento o personagem talvez mais importante desse acontecimento, Maximilien Robespierre.
Robespierre. |
Robespierre era um jovem estudante de direito que era muito simpatizante com ideias revolucionárias e extremamente influenciado por suas leituras do pensador Rousseau, que defendia a democracia absoluta e direta em que o Estado fosse um mero corpo representante da vontade do povo, ou como ele mesmo definiu "Vontade geral".
Algo simples era ler os livros de autores como Rousseau e debater suas ideias em clubes, grupos e bares. Outra bem mais complicada é saber como aplicá-las.
Robespierre antes de se tornar o líder da revolução era um defensor ardente da liberdade de imprensa, defensor da vida e contra a pena de morte porém no desenrolar da revolução apareceu uma outra personalidade nesse revolucionário, algo que costuma desbrochar nas pessoas quando elas recebem poder.
Robespierre, com o tempo não conseguia enxergar que as pessoas tinham pensamentos diversos e diferentes do dele, ele as via como traidores em potencial. E o medo que sentia delas o obrigou a tentar silencia-las através da guilhotina. Inúmeros foram os inocentes que morreram, o Estado revolucionário mandava espiões disfarçados ouvirem o que o povo comentava, se o preço do pão estava caro, se elas não estavam tão entusiasmadas com a revolução. Tristemente, o fim dessas pessoas era a morte.
As mulheres sempre lutaram para ter voz e participação na sociedade, era comum vê-las usar o Barrete frígio, uma espécie de touca, carapuça que os revolucionários usavam.
Barrete Frígio. |
Era uma perseguição tão grande e tão feroz com os opositores, que essa época ficou conhecida como "Terror".
Todo dia era comum ouvir e ver as carroças levando pessoas para o cadafalso, onde ali seriam executadas. Na maior parte dos casos as pessoas que eram incriminadas não tinham sequer o direito de serem ouvidas.
Inúmeros jornais, livros e escritores foram mortos precocemente por ter cometido o crime de descordar de Robespierre e seu grupo. Se uma vírgula estivesse fora do lugar, era razão suficiente para ser morto.
Robespierre, tenta mudar a cultura de seu povo. Retira o calendário gregoriano e cria um calendário republicano. Onde não se contaria os séculos a partir do nascimento de Cristo mas do dia 22 de setembro; data da proclamação da republica francesa. Os meses foram batizados por nomes de plantas, estações do ano, frutas...
As ruas com nomes de santos católicos foram substituídos pelo nome de revolucionários. Era proibido conversar com as mulheres e usar termos como "Femme Pardon"( Desculpe esposa). Era obrigatório que ao se dirigir com alguém do sexo feminino usasse termos como "Citoyen"(cidadã, cidadão).
Robespierre autoritariamente tentava forçar a cultura, linguagem e o pensamento da sociedade. Mas, ele deve ter se esquecido que essas coisas não são criadas ou decididas de cima para baixo, mas justamente o inverso. É das camadas mais baixas para as mais altas que a sociedade se constrói social e culturalmente.
Inúmeros colegas e amigos de Robespierre foram mortos nesse processo de mudança. O ditador parecia não se importar com isso, ele via as pessoas como peças em um tabuleiro de xadrez que podem ser movidas para o bem ou para o mal em nome de um bem maior, uma abstração.
Com uma população descontente e ele totalmente impopular, recorre á mais absurda de suas ideias a criação de um feriado, o festival do culto ao ser supremo. Uma tentativa de banir de uma vez por todas o cristianismo.
Era basicamente um novo feriado, onde as pessoas teriam de admirar, louvar e respeitar a deusa da razão. Onde na pintura pode ser vista como uma estátua branca e descendo da montanha um ser que dissipa as nuvens negras acima.
Esse ser era ninguém mais que o Robespierre, as pessoas viram isso como o distanciamento dele e da realidade, ele não estava mais consciente das coisas.
Robespierre termina por matar duas pessoas que jamais deveria ter matado. O primeiro era Danton, um ativista que caiu no gosto do povo e possuía grande ajuda e assistência dos burgueses. E o outro era Jacques Hébert uma pessoa extremamente radical que tinha o forte apoio dos Sans Culottes( Que era um setor estratégico e fundamental da sociedade francesa.),sendo dessa forma a última gota para o povo.
Robespierre foi impedido de discursar na tribuna e rapidamente foi levado ao cadafalso junto com seus seguidores conhecidos como jacobinos. Executados sem chance de defesa, uma singular semelhança já que as vitimas do revolucionário tinham o mesmo triste fim.
A revolução devorava seus filhos, e descambou em algo trágico. Trocou seis por meia dúzia, entregou algo pior que do que retirou. Os sonhadores sempre terão inúmeros argumentos para se defenderem porém a realidade que os cerca mostra sempre o contrário.
A barbaridade vai tomar o lugar da civilidade, os degraus da civilização descem para que subam os da selvageria. Onde a violência é a regra.
Esses utopistas são pessoas que amam a humanidade mas desprezam o seu próximo. Amam de paixão essa abstração que é a sociedade, porém o amor ao próximo é a real tarefa da vida.
Até hoje a revolução francesa e as ações de Robespierre seduzem jovens, professores e historiadores algo que é extremamente perigoso. Já que as boas ideias não necessitam da força para funcionarem, enquanto as ruins sempre usarão o caminho da coerção, força, violência e nunca terão bons resultados. Apenas, tristes histórias para contar.
-Elizeu Eufrasio.
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ResponderExcluirCara, voce precisa entender que a frança do séc. XVIII estava em colapso. Crises endêmicas, financeiras e das mais diversas estavam rolando. O estado, representado por Luís XVI, era horrível e ja vinha assim a anos (Basta lembrar de Luis XIV, O ESTADO SOU EU). Foi a tentativa do povo de mudar o status quo, romper com valores eticos e morais etc etc. Você não especificou ali, mas o grupo de pessoas que 'Desejava expandir-se para outras nações e sociedades...' eram apenas os girondinos, a alta elite da burguesia. Os jacobinos, representados por Robespiere, eram contra, e acredito que até ali a revolução foi excelente. Você não pode falar desse jeito, desqualificando todas as conquistas - tanto na pratica, como no mundo das mentalidades- que a revolução trouxe a posteriori. Quando chega a convenção jacobina, momento onde os jacobinos estavam no poder, Robespiere deixou o ego controla-lo. O ser humano se corrompe com o poder. Ou melhor, o EGO toma controle e assim torna a vida humana um verdadeiro caos. Eles estao sempre no controle, e você precisa destruir o ego. Quando o homem conseguir fazer isso, o comunismo finalmente pode dar certo. Sendo assim, qualquer modo de produção será um lixo - o capitalismo é uma merda, você não pode negar isso. Você não pode fazer juízo de valor desse jeito e ser extremamente tendencioso. Isso tem nome: Alienação.
ResponderExcluirAlexandre, é legitimo que se tente mudar as coisas ao seu redor. Mas, as mudanças precisam ser graduais, o Estado revolucionário se tornou maior e mais ditatorial após a revolução
ResponderExcluirRomperam com valores éticos e morais, criaram e desenvolveram outros dos quais se arrependeram posteriormente.
Os Girondinos eram moderados e desejavam a vida do rei, só não desejavam os abusos reais.
Até ali a revolução foi excelente? e as mortes de inocentes que foram incitadas pelo Marrat?
O tribunal revolucionário foi a maior prova de que não existem seres clarividentes que de cima para baixo irão determinar as necessidades humanas.
O comunismo jamais irá dar certo, por que a natureza humana é individualista. E a economia planificada sempre irá resultar em fracasso, vide a Gosplan na União Soviética.
o capitalismo segundo você é uma merda, mas lembre-se que estamos debatendo se ele é bom ou não através do que ele criou e nos proporcionou, isso seria impossível no comunismo, até por que o comunismo foi criado e desenvolvido dentro do sistema capitalista, nunca passou de uma teoria.
Enquanto o capitalismo veio de uma prática( Trocas subjetivas) e após isso, virou uma teoria econômica.
Existem países mais capitalistas e menos capitalistas, agora me diga qual são mais bem sucedidos? a diferença da esquerda para a direita é que a esquerda, sempre irá detestar a burguesia porém não irá viver sem o conforto que ela criou e desenvolveu. Nunca irá viver nos países que seguem o sistema que ela defende, querem distancia do socialismo. Agora, os países capitalistas serão sempre a rota de viagem desses igualitaristas. Isso Alexandre, se chama desonestidade intelectual, também conhecida pelo termo "esquerda Caviar".