quinta-feira, 7 de abril de 2016

O valor é subjetivo?

Afinal, as coisas possuem valor objetivo ou subjetivo?
Essa é uma pergunta que permeou o debate por séculos talvez por grande parte da história da filosofia e da economia. Pensadores como Adam Smith, Karl Marx e alguns outros acreditavam que as coisas possuem um valor objetivo( O tempo, esforço e dedicação determinariam o valor das coisas). Por exemplo, se para cortar a carne de um boi é mais necessário esforço, dedicação e tempo do que para cortar a carne de uma galinha, logo o preço da carne do boi valeria mais do que a da carne da galinha, porque foi necessário mais dedicação e isso amealhou, acrescentou valor ao produto. 
De outro lado, temos alguns pensadores que defendem que o valor das coisas é subjetivo. A ideia de valor subjetivo é basicamente acreditar que as coisas tem valor no mundo e em nossas vidas de acordo com a necessidade delas em nosso cotidiano, trabalho, vida social, enfim, tudo seja material ou imaterial não tem um valor intrínseco próprio mas recebe um valor de acordo com sua necessidade e demanda por parte das pessoas.
Mises foi um economista e professor universitário que em suas obras analisou o famoso "paradoxo do diamante". O diamante é sem dúvida uma pedra de valor precioso, dizer que tal famigerado adorno não é valioso é basicamente desconhecer a natureza humana e seu egoísmo natural. Entretanto, durante seus estudos algo bastante singular foi captado. Qualquer ser humano seja abastado ou membro do populacho pode vir a passar dessa vida sem um diamante mas a ausência do pão nela é inadmissível. Ou seja, o pão tem de forma endógena, inata, imanente um valor muito inferior ao do diamante mas a necessidade humana necessita mais de pães que de diamantes, fato que faz com que a pedra preciosa não seja algo de valor insubstituível enquanto o pão tenha um valor essencial na vida e no desenvolvimento das sociedades.
Porém, a afirmação de que o valor das coisas é subjetivo não é algo moderno. Muitos creditam essa descoberta ao economista da escola austríaca: Eugen Von Bohm-Bawerk. Porém, o Teólogo e filosofo Santo Agostinho, já havia tido feito essa observação em um de seus monólogos que está registrado em seu livro " De Civitate Dei". Onde ele elabora um esquema, hierárquico magnifico para descrever essa ideia. 
Existem 2 formas de determinar o valor das coisas, a primeira é uma forma Teológica( Religiosa). A classe mais baixa dessa hierarquia é a pedra e acima dela está o rato, acima do rato o macaco e acima do macaco o homem, por sua vez acima do homem o anjo e acima do anjo está Deus. 
A outra escala hierárquica é baseada na sociedade, nos homens e em suas necessidades é de forma resumida uma hierarquia social( Humano). Nessa escala o Ouro tem um valor muito precioso porém o Ouro é uma pedra e na escala anterior ele está abaixo do rato entretanto, nessa escala humana o Ouro tem um valor superior acima do rato, talvez por que as pessoas prefiram adornar e usar de enfeite em suas casas Pedras como o Ouro do que usar enfeites como ratos. 
Observemos que Santo Agostinho, percebeu claramente que embora teologicamente e de uma forma religiosa um ser vivo como o Rato possui um valor superior do que uma pedra( Ouro), porém estamos falando da sociedade humana que tem como base para determinar o valor das coisas a sua necessidade acerca delas. Dessa forma o Ouro possui um valor subjetivo superior ao valor objetivo da vida do Rato.
É ululante dizer que as coisas possuem valor subjetivo, basta analisar a sociedade e chegar de fato a essa conclusão. Lembrando-se sempre que esse valor é mutável e transitório já que as necessidades humanas são efêmeras, passageiras e mudam semana após semana, ano após ano, séculos após séculos...

- Elizeu Eufrasio. 


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